Hai-kai, Mario Quintana

"Rosa suntuosa e simples,
como podes estar tão vestida
e ao mesmo tempo inteiramente nua?"

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Fantasma da Ópera, Mitologia Grega e minha vida amorosa

Disse Christine (Teri Polo) na primeira versão de "O Fantasma da Ópera" para Eric (Fantasma/Charels Dance) algo parecido com isto: "I've saw your eyes, I knew your heart. Love, why I can't see your face?" (Eu vi seus olhos, eu conheço seu coração. Amor, por que não posso ver seu rosto?)

Como todos os que conhecem a história (os que não conhecem, me perdoem ou vejam o filme para depois ler isso) Eric (já estraguei a surpresa ao chamá-lo de Eric mesmo) tem o rosto disforme e por isso usa uma máscara. Só que a pequena (e, nessa versão, loira) Christine não sabe disso e fica insistindo. O pobre coitado não quer ser abandonado pela amada e se recusa a mostrar-se, até que ela consegue descobrir a contra-gosto dele e (ooops, se não viu o filme, não leia) as previsões ruins dele se concretizam.

Essa passagem do filme me lembra a lenda de Psiquê.
Bem, para os que não conhecem:

"Psiquê era a filha caçula de um Rei Grego (cujo nome não nos importa) e a mais bela de todas. Vários homens iam visitá-la e comparavam sua beleza com a da deusa Afrodite (para os leigos no assunto, deusa grega do amor, Vênus para os Romanos).
No início, a deusa até que ficava lisonjeada com o fato de sempre encontrarem uma mortal para lembrar dela, mas depois, começou a sentir ciúmes.
Com raiva da moça, mandou seu filho Eros (deus do amor grego, Cupido para os Romanos) ir flechá-la com uma flecha da paixão pelo mortal mais horrível que houvesse e, por sua vez, flechar o alvo do amor de Psiquê com uma flecha da repulsa. Meio a contragosto de ter de realizar todos os caprichos da mãe, Eros foi.
Porém, quando armava o arco, a flecha da paixão feriu seu dedo e o sumo envenenado fê-lo se apaixonar por Psiquê.
Desesperado, Eros correu à mãe para pedir-lhe ajuda. Afrodite, a princípio, não quis fazer nada e ainda ralhou com o filho por ter fracassado tão retumbantemente na missão. Mas, mediante as ameaças de Eros, Afrodite cedeu e decidiu ajudá-lo. Com uma condição, Psiquê nunca poderia ver o rosto de Eros.
Paralelo a isto, o pai de Psiquê começou a ficar preocupado com o fato de a filha nunca se casar e decidiu consultar um Oráculo. O Oráculo falou que a filha do rei estava destinada a se casar com o monstro mais pérfido de todos, o monstro que se infiltra quando menos se espera e nos torna vulneráveis a tudo. Mas também, este monstro era muito forte e quase impossível de ser destruído.
O pai de Psiquê se desesperou com isso, mas seguiu as instruções da sacerdotisa e abandonou sua filha ao pé de um desfiladeiro.
O que o rei não sabia era que isso tudo era uma armação de Afrodite para que Psiquê se casasse com Eros (Eros, em grego, também significa 'amor', o monstro ao qual a profecia se refere).
Psiquê esperou e esperou, até que os mornos ventos do sul vieram e levaram-na para a frente de um imenso palácio.
Lá dentro não havia ninguém que Psiquê pudesse ver, apenas criados invisíveis que falavam com ela e cuidavam de seu bem estar. De noite, um marido sem rosto aparecia e era tão amável e carinhoso que Psiquê começou a se encantar por ele.
Passado um tempo, Psiquê começou a se queixar ao marido que se sentia solitária e queria muito rever as irmãs.
Dito e feito, no dia seguinte as irmãs de Psiquê estavam no palácio.
As invejosas irmãs de Psiquê babaram de ódio ao verem a vida que a irmã levava. E, sutilmente, agindo como Éris (a deusa da discórdia) plantaram na mente a idéia de que Psiquê tentasse ver o marido de noite, enquanto ele dormia e que levasse uma faca para o caso de ele ser um monstro. Psiquê tentou contra-argumentar, dizendo que só porque o marido não a deixava ver seu rosto não significava que fosse um monstro. As irmãs foram categóricas, ela deveria fazê-lo.
A ingênua Psiquê assim o fez. De noite, com uma lamparina, iluminou Eros enquanto dormia.
Ao ver o lindo rosto do marido, apaixonou-se de vez.
Porém, quando se inclinou para olhá-lo melhor, uma gota de azeite pingou em seu ombro e ele acordou, assustado e irritado de vê-la ali, apesar dos avisos e ainda com uma faca.
'Tola!' -Ele gritou -'Não disse que não devias me ver?! Mas destes ouvidos a suas irmãs e puseste tudo a perder!'
E, numa lufada de vento, tudo sumiu. O palácio, o marido, tudo. Apenas restou Psiquê chorando sozinha na grama."


Em algumas versões a lenda acaba aí, em outras Psiquê é morta. Mas nas que eu mais gosto, Psiquê casa-se novamente com Eros, provando que o amor é mais forte que tudo e vira a deusa do Sonho (daí a "psique" de Freud), para provar que tudo pode se realizar.



A questão é que as duas histórias se entrecruzam quando as moças insistem muito e põem tudo a perder. A diferença, é que Eros era lindo. Eric, não.
E que as duas tem muito mais sorte no amor do que eu.



Bem, eu vou ficar um bom tempo sem postar poemas de amor. Se o fizer, serão mais melancólicos ainda ou velhos, já que o meu Rei correu mesmo para os braços da Princesa, sem me enxergar nem como Bruxa.

Beijos

2 comentários:

Maria Leão da Rosa disse...

Postei dois de uma vez hoje para compensar os dias que fiquei sem postar. Beijocas

Anônimo disse...

"já que o meu Rei correu mesmo para os braços da Princesa, sem me enxergar nem como Bruxa."

que quer dizer?