Hai-kai, Mario Quintana

"Rosa suntuosa e simples,
como podes estar tão vestida
e ao mesmo tempo inteiramente nua?"

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

A menina-mar

Mordeu-lhe.
E, naquele corpo-água fugidio,
parecia abrigar-se todo o sal do mundo.

A pele branco-dourada
da mais fina
áspera e suave areia
penetrava-lhe os poros.

Os olhos eram de um
furta-cor indizível.
(Seriam verdes? Não. Azuis.)

E uma tristeza de oceanos possuía-lhe,
tornando-os em matizes de cinza.

Uma tristeza muda,
inexistente. Persistindo nos ouvidos
no mesmo eterno ruído surdo.

Amar-lhe era para si um banho de mar.
Pois era ela mesma a idílica prosopopéia das águas de sal.

Em seu auto-contimento sôfrego,
mergulhar-lhe era dar-se, apenas.

Por vezes, num gesto de benevolência,
sobrava-lhe somente o terno gosto de sal.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Retalhos V

"Nos cercamos de coisas mortas.

Nos cercamos de coisas mortas porque tememos as vivas.

As vivas um dia morrem.

E aí há o abandono."


Mostrei este poema a meu professor de yoga e ele redigiu uma resposta a este.
Porém, a resposta pertence a ele e não me sinto no direito de publicá-la aqui.