Hai-kai, Mario Quintana

"Rosa suntuosa e simples,
como podes estar tão vestida
e ao mesmo tempo inteiramente nua?"

domingo, 29 de setembro de 2013

verde

Tenho um ciúme que é maior do que o meu estômago
E preciso trancar meu maxilar com força
Para que você possa ir embora sem nenhuma cena.

Logo depois, bebo qualquer coisa que afogue
Essa queimação e meu senso de ridículo,
Minha imensa vontade de chorar por achar que,

Talvez, só talvez, as coisas sejam maiores do que eu aguento.
Sou uma bêbada ridícula. As portas de todos os meus infernos
Se destrancam com esse monstro bêbado do ciúme

E todos os colos são quentes, são macios
E não são o seu. (consegui não fazer nenhuma cena...
Na sua frente) Deito-me neles,

Beijo suas bocas, danço e rio alto
Porque, dentro de mim, o monstrinho dá uma festa
E come as paredes do meu estômago.

sábado, 28 de setembro de 2013

Equinócio

Há um ser crescendo dentro de mim
Como uma gravidez indesejada de pai desconhecido.

Eu, de fato, não sei
O que gerou esse vazio tão frio
Que esgota minhas energias
E sufoca meu riso.

É primavera e o ar gelado de um setembro atípico
Contamina meus órgãos internos
Não sei o porquê.

Não sei o que mantém o ar invernal
Dentro e fora de mim.

sábado, 21 de setembro de 2013

Ultra leve

Sob o sol se abrem minhas asas
De saíra de sete cores.

Sou pássaro exótico,
Filha dos trópicos,
Feita de som e de cor.

Sou amante e amiga do filho do vento
Que sopra minhas penas
Para o alto e para perto
Do peito que é seu.

Amanhã chega a primavera
E o ar tem cheiro de maresia e calor.
Fica para trás o tempo frio
E também aquela tempestade.

Virão outras. Chuvas torrenciais de verão
Para regar a terra
E o meu coração.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Carrego a memória ingrata de você
Se agitando gelada nos meus vazios.

Ela não cicatriza, apenas perde força
Como uma bala de R-15 dentro de um caveirão.

Eu odeio o fato de termos tanto e tantos em comum
Odeio que fotos suas fiquem brotando de repente
Odeio que tudo tenha sido real.

(embora a fila das pessoas que acham que não seja enorme)

E tudo isso me fere.
De novo
E de novo

E mais uma vez.