Hai-kai, Mario Quintana

"Rosa suntuosa e simples,
como podes estar tão vestida
e ao mesmo tempo inteiramente nua?"

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Brasil

Nenhuma terra me pertence
Como poderiam, os rios, as montanhas
"ser" de alguém?
Pertencer, pertenço eu a esta terra.
Com minhas cores, meus tons,
criados à sua imagem e semelhança.
Minha terra não é Rio, mata,
São Paulo ou Salvador.
Minha terra, que me gerou e vai me engolir,
tem o nome vermelho do sangue derramado
por toda ela.
essa terra de nome dos restos do fogo
Brasail
Brasil

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Gelo

As pessoas não me completam.
Não me derretem.

Me sinto um cubo de gelo,
de longe sou fria, compacta.

Mas é só se aproximar
e verá como eu sou cheia de vazios,

como eu sou frágil,
como posso queimar.

Eu mesma não me preencho,
não me basto.

Sinto falta do que eu não fui.
Sinto falta do que eu não tive.

Sinto falta de um passado que não existiu.

Porque não existem fotos dele.
Porque não existem relatos dele.

É como se o “eu” no qual sempre acreditei
fosse meus vazios.

Acho que, como o tal gelo, sou desagradável.
Em um primeiro momento, refresco,
te dou algum prazer.

Mas então, quando estou derretida, quando estou plena,
começo a queimar ou a ser inútil.

Inútil...