Hai-kai, Mario Quintana

"Rosa suntuosa e simples,
como podes estar tão vestida
e ao mesmo tempo inteiramente nua?"

quarta-feira, 11 de março de 2009

Morena

"A ginga da dança embriaga, enfeitiça.
Requebra, morena. Balance os quadris,
Os ombros, a cabeça. Remexe, morena,
Mexe com meus sonhos.

Morena, teus cachos são serpentes
Teu sorriso, um feitiço
Ô, morena, teus pés mal tocam o chão.

Te entregas à dança,
Mas nunca aos teus pares
Ô, morena, ninguém é dono teu.

E, na umbigada, teu corpo esguio
Quase se confunde com o meu.
Quase, morena, quase me esqueço
Que ninguém é dono teu."

terça-feira, 3 de março de 2009

Dança de salão

Nessa quadrilha furiosa que rege minha vida
Não há pausas para fôlego.

Mesmo com os ritmos se alternando do bolero à polca.
Sem choro, Maria. Sem choro nem vela.

Essa quadrilha é mascarada e me toma de assalto,
Sem tempo para ilusões dentro da ilusão.
E me afoga, me agita e eu sucumbo. Impotente, sucumbo.

Não vejo os rostos de meus pares. Não que faça alguma diferença.
Mas ouço sempre suas vozes

Sussurrando em meus ouvidos doces palavras
“...a melhor dança que tive.”

E jogo minha cabeça para trás e rio.
E finjo –é parte da coreografia– que sou de fato a única

e que são de fato meus únicos também.