Hai-kai, Mario Quintana

"Rosa suntuosa e simples,
como podes estar tão vestida
e ao mesmo tempo inteiramente nua?"

domingo, 8 de junho de 2008

Canção do adeus

"Me beija, amor,
Toma meus lábios
Antes que o veneno faça efeito.

Me beija, amor,
Suga minha alma
Que eu virei o frasco inteiro.

Me beija, amor,
Me faz sua Julieta
Que eu estou desfalecendo.

Me beija, amor,
Cola-se, quente, a mim
Que estou gelada.

Me beija, amor,
E faz deste gesto de despedida
Um último adeus.

Me beija, amor,
Meus olhos molhados
Já não veem mais nada.

Me beija, amor,
Que sua voz não me alcança mais.
Deixe os anjos levarem o recado."

Esse poema não é uma experiência pessoal propriamente dita. Foi baseado em um sentimento de perda que eu captei e criei isso. Finalmente voltando aos poemas que não são pessoais.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Olhos vítreos

"Ninguém me vê
Ninguém me avisou
Não faz assim,
Não vai dar não.

O meu mundo em preto-e-branco,
Misturo as tintas, tento colorir,
Me embaraço na minha visão.

Me faço suspirar, que aflição,
E sair pra sessão,
Só pra fingir.

Vejo os outros brincando,
Eu gostando de ser tua sombra
E me multiplicar.

Nos teus olhos também posso ver
Minha tristeza te vendo passar.

Nessa sala fria,
Não há clarões, não há dias,
Depois de outros dias.

E no meu coração,
Passas em exposição,
Passas sem ver minha vigília
Catando a alegria que jorra pelo chão."

Sou apaixonada por Chico Buarque, estava apaixonada... Bien, é isso.