Hai-kai, Mario Quintana

"Rosa suntuosa e simples,
como podes estar tão vestida
e ao mesmo tempo inteiramente nua?"

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Flerte

Você quer se jogar da janela e cair em um lago fundo,
Na toca do coelho branco, na delícia do que não há.

Mas o chão é de concreto e, para além do seu sangue,
Há outras coisas que o tornam grosseiro e imundo.

Afaste sua alma da janela e dos lagos, dos países das maravilhas.
Afaste sua carne do beijo no asfalto.

Pise descalço na grama. Sambe um pouco.
Jogue a cabeça para trás, ria.

O mundo continua sem nós, apesar de nós.
Você não vai querer perder o que há guardado,

Esperando que as portas (que sempre estiveram apenas encostadas)
Sejam abertas de par em par e,

Sem mergulho final, você seja finalmente livre.

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