Hai-kai, Mario Quintana

"Rosa suntuosa e simples,
como podes estar tão vestida
e ao mesmo tempo inteiramente nua?"

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Pesadelo

Acordei em um sobressalto estranho
Com um presságio apertado
E meu peito sabendo que o estranho ao meu lado

Era o mesmo estranho que ao meu lado dormira
Era o mesmo estranho que, de seu lado, me cortara.

Meu peito dizia: são os mesmos cabelos são as mesmas mãos.
Mas meus olhos insistiam que aquele quarto não fedia
Que aquele quarto não lotava
Que aquele quarto era seguro.

Mas minha cabeça insistia que naquele cheiro não tinha cigarro
Naquele peito tão tinha violência
Naquele abraço não havia traição.

Acordei de sobressalto, estranho,
Com um presságio sufocado
Imaginando que o estranho ao meu lado
Me feria outra vez.

Virei o corpo e olhei seu nariz
Olhei sua tez e suas mãos com minhas mãos no escuro.
Não era, dizia agora todo o corpo meu.
Não era.

Sem que o estranho soubesse,
Acariciei seus cabelos com gratidão
Pelo simples fato de não ser aquele que repudio

E, com menos medo por aquela noite, dormi.

Nenhum comentário: