Hai-kai, Mario Quintana

"Rosa suntuosa e simples,
como podes estar tão vestida
e ao mesmo tempo inteiramente nua?"

segunda-feira, 29 de julho de 2013

se fosse amor

A verdade é que sou uma mulher indesculpavelmente comum
Marinada em feminismo e aspirações de revolução.

A verdade é que não me sinto nem um pouco no direito
De sentir os ciúmes que sinto. Porque (é verdade, eu sei)

Também eu me enlaço com outras pessoas
E escapo entre suas mãos.

Mas o meu peito diz que com ela é diferente.
Ela é diferente ou você é diferente?

Você me quer por perto em algum grau,
Mas não perto demais, isso eu já aprendi

Só que dá um nó, uma coisa, um medo,
Quando penso que você quer outra, outras,

Qualquer uma. É esse o problema da mulher comum,
Ela tem o tempo todo medo de ser qualquer uma

Ou de não ser mais ninguém.
E a feminista aspirante a revolucionária tenta me acalmar

Botar algum juízo nessa cabeça. Aceite as regras
Ou saia do jogo que você também joga, ela diz.

E eu sento e medito.
Acho que seria mais fácil se fosse amor.

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