Hai-kai, Mario Quintana

"Rosa suntuosa e simples,
como podes estar tão vestida
e ao mesmo tempo inteiramente nua?"

terça-feira, 9 de julho de 2013

A tempestade

De repente, o mar fez-se retumbante
E de um tudo trespassou a corrente doce
Que era a fada de asas de albatroz.

E ela, que há pouco virara peixe
E cria ter deixado para trás o marinheiro,
Deu-se conta de que habitavam o mesmo mar.

E seu coração fez-se sombra.
Ainda o amava.
Debateu-se no tsunami para achar a frágil embarcação.

Usou todos os seus poderes para não ser ilha novamente
Pois imóvel em terra fértil jamais tocaria a canoa
Achou-o. Lutava contra ondas e ventos,

Salvaguardando-se de emborcar.
Ainda o amava.
Queria ser uma fada mais importante,

Daquelas que, com um sinsalabim, desfazem a tempestade
E protegem o ser querido.
Mas não o era. E a tempestade também era sua.

Contentou-se em ficar e lutar ao seu lado,
Protegendo como podia a canoa.
O que quer que isso quisesse dizer.

Nenhum comentário: