Hai-kai, Mario Quintana

"Rosa suntuosa e simples,
como podes estar tão vestida
e ao mesmo tempo inteiramente nua?"

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

sacrificial

Apaguei suas fotos do meu celular,
Vou te matando aos poucos,
Te expulsando dos espaços do meu cotidiano.

Estou me apropriando das distâncias que você criou,
Aproveitando a inércia da mágoa do seu último chute
na minha boca. Você nunca me amou, disse.
Nunca trem descarrilhado, nunca sonho,
Só inércia.

É para me amar que te desamo,
Para acender o que você sempre viu apagado.
E uma voz me diz: como é difícil me amar!
Como posso me reinventar na negação de lhe ser submissa?

Banzo, fado, silêncio.
Choro na solidão do meu quarto o medo de ser tão reles
Quanto você me fez.

Busco no espelho a ressaca em meus olhos,
Meus cabelos de Iara.
Busco nos meus quadris a quentura da umbigada.

Não as guerrilheiras,
Não as mártires,
Mas os perfumes e as camas

Que não a sua.

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