Hai-kai, Mario Quintana

"Rosa suntuosa e simples,
como podes estar tão vestida
e ao mesmo tempo inteiramente nua?"

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

da insegurança

As estrelas coalham o céu de Parati.
Quando eu era menina (e pintava) peguei uma escova de dentes e joguei tinta no papel.
Ficou igualzinho às noites de Corisco.

Vi a lua crescer na Península
Segurei sua mão enquanto discutíamos astronomia
E planos para o futuro.

Você sempre me parece longe, mesmo quando está perto e ri.

Às vezes eu me pergunto se o amor de gente grande é assim,
Sem as febres e os calafrios e a paixão intensa que queima.
E às vezes eu me pergunto se o problema é nosso mesmo.

Qual é o problema, se damos as mãos, andamos juntos e nos chamamos de "amor"?
Como alguém pode chamar de amor sem nunca dizer que ama?
Acho que o bicho que me dói é eu ter te querido sozinha por tanto tempo

Eu ter tido medo quando as pedras voaram perto do seu rosto,
Eu ter tido medo quando o carro explodiu e ninguém sabia de você...

Acho que o bicho que me dói é a impressão de eu ter te vencido pelo cansaço.
Como se você tivesse sentado e dito "ok, aceito que me ama".
Aceita, como uma gripe forte que precisa de 7 dias para passar.


Talvez seja só TPM.

Um comentário:

Anônimo disse...

Querida Maria,

Os seus poemas refletem um interior cheio de sonhos, possibilidades e anseios, assim como aquela sensação de estar deitado olhando um céu estrelado à noite. Digo "um céu" e não "o céu" porque ele sempre muda, não sendo o mesmo de ontem, tampouco o mesmo de amanhã, assim como você, Maria, que muda e transforma os eventos dentro de você mesma e no mundo que te cerca.
Tenho a certeza de que os seus questionamentos refletem muito mais a essência de alguém que procura por liberdade, do que a simples crise chamada TPM que atribuíram às reações da mulher frente as questões de um mundo insano.
Peço encarecidamente que você nunca perca o ímpeto de exteriorizar as coisas que sente, assim como fez quando era menina ao lançar cores num papel. Acredite, é um favor que me faz.

De alguém que gosta muito do seu grito interior - vulgo anônimA.