Hai-kai, Mario Quintana

"Rosa suntuosa e simples,
como podes estar tão vestida
e ao mesmo tempo inteiramente nua?"

sábado, 6 de abril de 2013

Nostalgia

Amar você foi um exercício de port de bras
Suave, leve e fluido.
Aos poucos fui inventando novas posições
Dentro da quinta, da quarta, da segunda na Escola Cubana.

Amar você foi uma canga do Che em um dia nublado.
Areia no chão do apartamento.
Um port de bras e queimação nos músculos dos braços.

Como cansa, depois de um tempo.
Como dói, depois de um tempo.

Amar você e ver a canga levantar no vento
Em silêncio, silêncio meu de todas as coisas que não digo.

Aos poucos fui valsando e o espelho me dizia
Que todas as posições estavam erradas
E a música também.

Amar você foi dançar balé ao som de rock
Em um chão de tacos.
Dia nublado em Ipanema e a chuva fria na Lapa.
E um café no Centro e o sol laranja nos prédios da Tijuca.

Eu evito fazer planos porque eles me assombram em sonhos depois.
Dividimos nossas tarefas: você fez os planos, eu os quis.

No meu quarto tem uma parede vazia esperando o quadro
Que você nunca me deu.
No meu peito tem um buraco, de um pedaço que você tomou
E não preencheu.

Amar você ao som de bossa, de jazz, de rock,
Da solidão.
Amar sozinha, esse bicho ambíguo que você é
Eu juro que isso não queria não.

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