Hai-kai, Mario Quintana

"Rosa suntuosa e simples,
como podes estar tão vestida
e ao mesmo tempo inteiramente nua?"

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Bicho cativo

Abro minhas asas de pássaro exótico.
Há tensão em meus músculos,
Estive contida por muito tempo.

Minhas penas se alongam, deixam que o vento as ame
E eu toda me estico.
São asas multi-coloridas, com um quê de fada
E um quê de bicho.

Foi o sangue pulsando vívido que as abriu.
Meu coração bate tambor pros seres
De toda a terra, toda a água e todo o ar.

Voarei. Voarei, sabe meu peito.
Não agora, não sozinha.

Voarei quando houver vento zumbindo,
Quando houver sol morno,
Voarei quando o chão parecer por demais irreal.

Voarei, sabem minhas asas.
E mal sinto mais as raízes que me prendem a essa terra.
Já basta da Terra Papagalli.

Já basta das Índias tão Orientais em pleno Ocidente.
Oriente-se, mulher! Voarei para longe do porto.
Estou viva e a terra é fértil, mas não há chuva.

Não há chuva nessas terras, não há marinheiro que as regue.
E abrem-se minhas asas e batuca meu peito
No compasso da desilusão, viu?

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