Hai-kai, Mario Quintana

"Rosa suntuosa e simples,
como podes estar tão vestida
e ao mesmo tempo inteiramente nua?"

sábado, 15 de outubro de 2011

Dia de neblina

Abro as mãos e contemplo o céu, que, para ser poético, teria de ser azul.
Mas o céu hoje está branco, opressor.
O céu desceu em nuvens, tomando a varanda de meu apartamento.

A rosa branca literal agradece a umidade,
Já que suas folhas amareleceram com o calor de ontem.
Eu, ao contrário, estou com preguiça de trocar o short por uma calça

E me contento em ficar arrepiada e com os pés gelados.
Minhas unhas adquirem a pouco saudável cor lilás e eu não ligo.

Dias de displicência, em que alterno tédio, azia e descontentamento.
Ouço jazz, clássicos e folk na esperança de me tornar um pouco mais interessada.
Na esperança de achar graça do que passa diante de meus olhos.

Mas não acho graça na enorme amplitude térmica de ontem para hoje,
Não acho graça no Dário Argento, não acho graça na Beleza Americana,
Não acho graça na sua foto nova, não acho graça na minha foto engraçadinha.

Se você me tirasse para dançar, eu bem que aceitava.

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