Hai-kai, Mario Quintana

"Rosa suntuosa e simples,
como podes estar tão vestida
e ao mesmo tempo inteiramente nua?"

segunda-feira, 29 de março de 2010

Asfixia

Voltas para mim
em forma de sonho perverso,
perturbando minha noite com lembranças
de murmúrios do vento e tinta branca.

Sou comprimida por uma tecido quase roxo,
sujo de manchas. Estás ao meu lado
e podes me salvar do sufocamento,
mas percebo que é a utopia das tuas
mãos que me assassina.

Tão cruéis quanto o pano e as mãos,
teus olhos me perguntam
“sentes falta das aulas de dança?”

Sinto. Dançar sozinha não é mais
a mesma coisa desde tuas mãos e
tua máscara. Ainda quero arrancá-la.

Mas não te responderei, pois sei
que sorrirás em escárnio e abandonarás
o leito móvel sobre o qual estamos.

Prefiro ter tua crueldade a
não ter nem mesmo este sadismo.

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