Hai-kai, Mario Quintana

"Rosa suntuosa e simples,
como podes estar tão vestida
e ao mesmo tempo inteiramente nua?"

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Apenas um Eco de Narciso

"Outrora hei comparado a mim mesma com Eco.
A tola que se apaixonou por Narciso.

Percebo um leve equívoco em minha comparação.
Não és tu Narciso. Sou eu mesma.

Apaixonei-me por uma imagem.
E, efetivamente, tenho de agradecê-lo.

Agradecer tua princesa também, ó glorioso Rei.
Afinal, se não houvessem jogado uma pedra n’água,

Não haveria eu terminado por me afogar?
Talvez a história fosse mais bonita assim, pena.

Diga-me, sua Majestade Cirano de Bergerac,
Como é brincar tão magnanimamente com o coração de alguém?

Foi outrora minha dor tão peculiar
Que tu, o cientista, não pudeste deixar incompleto o experimento?

Diga-me, el Rei,
Como é partir o coração de uma reles plebéia?

Há tempos, comparei-me a uma tela,
[um brinquedo teu.
Ledo engano! Não me elevo a tão alto posto!

Brinquedo é a delicada princesa,
Que estimas e tens medo de quebrar.

Que fui eu?
Que sou eu?

Ah, mentiroso vil!
Ah, tola nobre falida!

Ainda não aprendeste que ele gosta de te ferir?
Ainda não aprendeste que ele não gosta de te ferir?
[Ele não sente nada por ti, tola."



Boas notícias: o amor idílico vem se transformando em mágoa e raiva. Graças aos céus.



Há horas falando com minha Seh. Tantas saudades dela... Oh céus, quando vamos nos ver?



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