Hai-kai, Mario Quintana

"Rosa suntuosa e simples,
como podes estar tão vestida
e ao mesmo tempo inteiramente nua?"

sábado, 15 de junho de 2013

A poética das estrelas

Cai o muro no leste do Velho Mundo
E brilham estrelas sob o Cruzeiro do Sul.
A noite de sonho teve seu início
Enquanto, uma dezena de anos antes, começava o pesadelo neoliberal.

A estrela na bandeira vermelha tremulava nas manifestações
E nos capôs dos carros nos anos noventa.
Eu era criança. E sonhava com a  estrela da Terra do Nunca.

Os brilhos enfraqueceram nos olhos dos meus pais
E as estrelas seguiram nos carros do século XXI
Em menor número. Eu era adolescente.
Ainda pensava na Terra do Nunca. Longe de mim.

Veio a aurora de minha vida adulta,
O ocaso da estrela de Peter Pan,
E, vinte e três anos após cair o muro, eu era adulta.
E falava em sol.

Menos vermelho do que a estrela ao nascer,
Menos vermelho do que o muro que caiu.
Mas está nascendo e dele vemos apenas o halo.

Aguardo uma manhã quente de céu rajado.

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