Hai-kai, Mario Quintana

"Rosa suntuosa e simples,
como podes estar tão vestida
e ao mesmo tempo inteiramente nua?"

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Trilha

Admito que, há tempos, o sal me gretou os lábios
E me pus a recordar teus afagos.

Meu coração se desfez em areia nas tuas mãos.

E sigo andando meio melada de iodo, meio arranhada de caixote,
Cada vez mais para longe da orla,

Cada vez mais para longe de ti.

Sinto ainda o cheiro de maresia, pois sou eu meio criança do oceano.
Filha da terra, criada às margens do oceano.

Vejo que tua viagem ao Nada não significava retorno ao meu porto,
Vejo que nem sequer me pediras que esperasse.

E levantei e segui.
Com minhas pernas de terra, meu cabelo duro de sal,
Sigo sempre. Apesar de.

Apesar das saudades, apesar das feridas, apesar das frustrações.
Porque as flores e as borboletas e mesmo o chão que piso
E o mar que navegas
Seguem sem nós. Seguem apesar de nós.

E eu optei por ser em constante luta
Em constante busca de plenitude.

Ser em constante com o sol que nasce e morre
E me banha em calor e diz...
Que me diz o sol?

Em constante com a terra, ando.

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