Hai-kai, Mario Quintana

"Rosa suntuosa e simples,
como podes estar tão vestida
e ao mesmo tempo inteiramente nua?"

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Idílio tropical ou Sobre afetos que libertam

Afastei-me a passos largos do Saara.
Minhas solas ainda reclamam, queimadas pela areia.
Queimei-me toda em mais um sonho
(Tão quente, tão contraditório).

Andei menos do que o esperado
E, surpresa, percebo que cheguei às Índias.
Ou sonho com minha amada Terra Papagalli?

Essa mata tão verde, tão úmida,
Apaga aos poucos a dor das queimaduras de segundo grau.
Sinto falta dos tambores e da gente feroz do deserto.

Essa gente tão livre, tão sem vergonhas,
Liberta-me com seus sorrisos francos
E suas danças. Parece-me que nunca ouvi
Ou dancei nada parecido.

E, talvez por isso mesmo, me seja tão fácil.
E, talvez por isso mesmo, seus perfumes
Façam brotar de mim sons que desconhecia.

Há sonhos belos dentro desse sonho tropical.
Há sementes germinando e sol.
Estou viva.

Nenhum comentário: