Eis que abri por engano meu coração leviano
A um marinheiro. Louvei a franqueza de seus sorrisos
E a doçura de seus lábios. Voei.
Amar, verbo intransitivo, complicado e transitório.
Havia uma fissura na coluna do Edifício Eu,
O peso dos ombros, o peso da vida escrota,
A súbita exposição do meu segredo vil,
Rachou de cima a baixo minha pseudo-sólida estrutura.
Em minha coluna agora há uma cruz.
E eu, que amo um filho do mar,
E eu, uma filha da terra constante em desejos e sofrimentos,
Decidi não tentar conter em meu derredor aquele que deixei entrar.
E, aberta, pulsando, fiz do cais minha morada.
E, aberta, pulsando, fiz das ondas companhia.
Meu filho do mar é feito de vento (Meu? Não é de ninguém)
E o vento venta onde quer. Quando quer. Como quer.
As árvores não têm o direito de acusá-lo por ser vento,
Ninguém tem o direito de acusá-lo por ser vento.
Eu sentei no píer. Eu abri minhas portas.
Eu me encantei pelo sal.
Eu me sinto só. Ferida, salgada, sem direitos e só.
Masturbação na Era Vitoriana
Há 11 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário