E então, sem motivo, sem rosa, sem amante,
Sem leão, sem amor,
Abriram-se as portas de meu quarto escuro
De par em par. E a onda da água mais translúcida
Inundou tudo o que havia em mim.
Sou a chuva que cai do céu há dias
(desde que ele morreu?),
Sou a língua negra que se infiltra na praia.
Sou as poças do Largo de São Francisco.
Sou água. Límpida de sujeira.
E, mesmo lama imunda, sou clara
Por ser honesta. Por ser coragem.
Sem sorriso, sem lágrima, sem suspiro,
Sem ninguém que afastasse o véu que cobre meu rosto
(as rendas brancas com as quais me escondo),
Há um dilúvio em mim.
De mim.
Eu sou a tempestade, o fogo e a alegria,
Mas, hoje, sou apenas o cansaço e a solidão.
Masturbação na Era Vitoriana
Há 11 anos
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