No relógio quebrado do meu quarto
São sempre duas e trinta e quatro.
Se eram da tarde ou da manhã não sei de fato dizer.
E, sabendo que ele está quebrado, eu o consulto periodicamente.
Porque, talvez, alguma mágica pudesse trazê-lo de volta.
Se o relógio quebrado saísse de duas e trinta e quatro
Talvez o apartamento da Avenida Nossa Senhora de Copacabana
Não estivesse mais vazio.
(Talvez alguma mágica pudesse trazê-lo de volta)
E confiro, obcecada com o ponteiro dos segundos,
Se ele saiu de cima do número seis.
Duas horas, trinta e quatro minutos e trinta segundos.
O despertador me acordaria às onze,
Se o ponteiro dos segundos mexesse.
O relógio pequeno, preto, quebrado, segue parado
Mesmo que o grande tempo
(Esse pai que engole a todos nós)
Circule indiferente. Como o são indiferentes as correntes de ar.
Tempo e vento me arrastam,
Mas eu só queria que, por mágica, o ponteiro dos segundos mexesse.
Masturbação na Era Vitoriana
Há 11 anos
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