Hai-kai, Mario Quintana

"Rosa suntuosa e simples,
como podes estar tão vestida
e ao mesmo tempo inteiramente nua?"

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Amiúde

Ela o amava e tinha plena consciência disso. Como também tinha consciência de que era impossível continuar daquele jeito.
Tinha consciência de que se destruiriam como meteoros na superfície da realidade. Sabia que ele não a amava e continuava daquele jeito.
Ele dizia para afastar-se e ela amiúde repetia os mesmos erros. Ela gostava de errar. De banhar-se na dor da reconciliação e no medo de perdê-lo.
Ela gostava de sentir ciúmes, gritar, chorar. Ele era calmo, quieto, fiel. Brigavam, gritavam, juravam nunca mais se ver.
E, de noite, quando as lágrimas nos travesseiros secavam, ele voltava e ela o beijava, o mordia, o amava com toda intensidade,
com a intensidade que só os meteoros conhecem.

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