As pessoas não me completam.
Não me derretem.
Me sinto um cubo de gelo,
de longe sou fria, compacta.
Mas é só se aproximar
e verá como eu sou cheia de vazios,
como eu sou frágil,
como posso queimar.
Eu mesma não me preencho,
não me basto.
Sinto falta do que eu não fui.
Sinto falta do que eu não tive.
Sinto falta de um passado que não existiu.
Porque não existem fotos dele.
Porque não existem relatos dele.
É como se o “eu” no qual sempre acreditei
fosse meus vazios.
Acho que, como o tal gelo, sou desagradável.
Em um primeiro momento, refresco,
te dou algum prazer.
Mas então, quando estou derretida, quando estou plena,
começo a queimar ou a ser inútil.
Inútil...
Masturbação na Era Vitoriana
Há 11 anos
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