"A angústia sobe em ondas
como um monstro pegajoso
subindo pelo abismo que eu temo
[o meu abismo, a minha alma.
A angústia vem misturada com a náusea
e com as lágrimas secas que fazem força para escorrer.
Mas que angústia é essa, Maria?
A angústia da saudade de algo
que perdi há tanto tempo que nem mais sei o que é.
Que tortura é essa?
Que medo do monstro que já afugentei?
Guio minha criança até o armário
e lhe mostro que as bestas que teme,
uma vez na luz, simplesmente não existem.
A criança choraminga e me assusta:
vejo que a matei, pois sua realidade eram os monstros
e ela, – que tristeza, Maria – ela era eu."
Um poema um pouco mais recente, mas não tão recente assim.