O exercício de calar e temer deixa um gosto acre
Como flores mortas enfiadas boca adentro.
É a covardia que nos mata pouco a pouco.
Quando nem irmãos nem amigos se levantam e nos defendem,
Quando nossos pais e nossa polícia nos batem para que sentemos,
As flores mortas se putrefazem, espalhando chorume em nosso sangue.
Temos medo de que o mal respingue em nós
Temos medo de que nem quisessem nossa bravata, para começo de conversa.
Temos medo e calamos. Tememos.
Nessas horas em que nós fechamos o ciclo,
Em que aprendemos o nosso lugar e engolimos o bolo da garganta,
Alguém está sendo morta, pouco a pouco. Aprendendo seu lugar.
Podemos vomitar o medo, ver a morte nos olhos.
A morte é inevitável, a covardia não.
Arrancar o buquê podre do peito é o primeiro passo
Para a tão sonhada primavera.
Que só se faz de sementes
De flores vivas e valentia.
Masturbação na Era Vitoriana
Há 11 anos
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