Da janela do ônibus, contemplo o céu pálido com o descaso dos últimos tempos.
O azul diáfano traz a certeza inconfundível de que o dia se afasta a passos largos,
Sem levar consigo a certeza de não ter sido assaltada por tremores
Ou feromônios hoje. Será fruto do estresse?
Estresse das provas ou esgarçamento de desejos?
A posição inerte, que descrevi como uma espera pelos trovões,
De fato pôs-me cansada. Mas isso significa que não desejo mais?
Olhar o céu sem nuvens me leva a lembrar
Das meias manchadas de marrom que a chuva deixou,
Do frêmito que pode ter ficado esquecido em setembro.
(Pois, esse ano, setembro durou uns quarenta dias)
A dança me envolve, me corresponde e me exige;
O sujeito de meu desejo me ignora ou finge bem me ignorar.
Deixei esquecida em uma esquina a fase dos amores platônicos.
Ouvir a palavra “paixão” pronunciada de outros lábios talvez
Tenha me feito sacudir a água da chuva que empapava meus sentidos.
Masturbação na Era Vitoriana
Há 11 anos
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